segunda-feira, novembro 23, 2009

Teoria do vento


Lá fora, no varal de meus planos, tremulam coloridos os panos.
É vento calmo, vento frio, que me arrasta para a vida... Levo meu copo de bebida barata, passo a mão numa coberta, sento na varanda e vejo ventar...


quarta-feira, setembro 09, 2009

PEQUENOS SONHOS

Quero uma casa sem teto, para ver as estrelas
Uma bicicleta veloz, para alcançar as nuvens...
Quero lápis e papel para fazer rimas sem sentido
E em cada esquina, desenhar um sorriso...

segunda-feira, agosto 10, 2009

A estética do frio na cidade imaginária

Uma pretensiosa dica de leitura:

Frio, chuva e neblina. Uma cidade úmida, casarões antigos e arquitetura com inspirações européias, tudo feito de mistérios, que se revelam no anoitecer e acordam os fantasmas de cada um.
Se, ao ler o livro, notares qualquer semelhança com uma cidade real, não é mera coincidência, continue...
O livro Satolep, de Vitor Ramil, é uma realidade paralela numa cidade recriada. Imagine ver tudo através do reflexo de um espelho, pois é mais ou menos assim que o narrador vive em Satolep. Vendo de uma forma diferente daquilo que podemos chamar de real, desconstrói o concreto e o lógico.
Sem entrar no mérito da escrita, que, aliás, é de agradável degustação e bem estruturada, Satolep é uma obra artística. A arte é um dos componentes da neblina desta cidade. Nos seus diferentes ramos artísticos, as personagens reconstroem Satolep conforme as linhas e formas que veem e sentem.
O narrador vai, ao longo da história, deparando-se com questões e buscando desvendar enigmas que envolvem e tornam, indivíduos e cidade, uma coisa só. Em Satolep, a razão talvez não seja o principal instrumento para encontrar as respostas e as surpresas nos presenteiam até as últimas linhas do livro. Mas não vou estragá-las contando a história. Sugiro que aprecie você mesmo.
Nesse livro, Vitor Ramil torna claro o que chama de estética do frio. A beleza e as cores do inverno, que segundo ele, só é possível entender no extremo sul do Brasil, aqui no Rio Grande do Sul. Essa estética está presente, portanto, em Satolep.
Satolep é um livro verdadeiramente envolvente e curioso. Atrai-nos para dentro da história, nos torna um dos seres residentes dessa cidade. Talvez por isso não escrevi sobre ele tão logo acabei de ler. Precisava me afastar um pouco, para poder comentá-lo.
Algo que considero que tornou a leitura ainda mais saborosa foi o fato de minha amiga Lara e eu, lermos este livro simultaneamente. E diariamente trocarmos nossas impressões a respeito das leituras noturnas. Graças à ajuda da vida virtual, e seus comunicadores instantâneos, já que estávamos a alguns quilômetros de distância.
Ganhamos o livro na mesma ocasião, da mesma pessoa e lemos ao mesmo tempo. Valeu a parceria Lara! Quem sabe, um dia, repetimos a experiência da leitura simultânea. Mas como a Lara diria: se puder, leia Satolep no inverno, a estética do frio fará todo o sentido.
Boa leitura!

segunda-feira, julho 20, 2009

Um dia bom? Um dia entre amigos.

Queria postar algo sobre amizade hoje, mas algo simples e bonito, assim como é uma amizade sincera. Pensei em apenas uma imagem ou uma pequena frase. Porém, mudei de idéia ao receber um e-mail da minha amiga Mel, que está lá em Dublin, curtindo um verãozinho irlandês. Melissa sempre sabe usar as palavras, falando ou escrevendo, diz tudo de uma maneira suave e encantadora. Acho que essa é uma das várias características que admiro nela. E nesse e-mail não foi diferente, por isso resolvi reproduzir aqui o que ela escreveu (sem antes pedir autorização):

“Meus queridos amigos,
Hoje amanheci com um sentimento gostoso no peito. Acho que é a alegria provocada pelos e-mails, torpedos, scraps e cartões em função do Dia do Amigo. É uma alegria contagiante que chega devagarzinho e aquece o coração da gente.
Pois então, amigos... Quem são eles? Onde estão? Gosto daquela frase que diz que amigo é a família que a gente pode escolher! Gosto de pensar que os amigos são aqueles que estão ali pra toda a hora, pra todo incidente, pra toda ajuda, pra rir junto, pra nos dar um puxão de orelha, pra curtir conosco.
Quem teve um amigo imaginário levante a mão! Teorias à parte, os amigos imaginários mostram que desde a primeira infância esta pessoinha chamada amigo já faz parte da nossa vida. Ensina-nos a dividir, a vibrar junto, a se interessar, a entender os porquês, a vibrar de alegria.
Não classifico meus amigos em amigos de verdade ou não. Se forem meus amigos, são amigos e ponto final. São parceiros pra festa e pra hora difícil, são ombro pro choro e aperto de mão pra vitória. São aquelas pessoas que sempre terão uma palavra, ou se esta faltar, vão estar ali só pra afirmar: você não está sozinho! São aquelas criaturinhas que a gente pode contar e pode pedir os favores mais peculiares, pois sabe que eles vão nos ajudar desvendar todos os mistérios.
E ser amigo dá trabalho sim. É compartilhar, entender, ouvir, crescer com a diferença e deixar os julgamentos de lado. Amigo não julga. Amigo te ajuda a colocar o preto no branco e optar pelo melhor caminho. Amigo ri contigo, pica a cebola por você, ajuda lavar os pratos, organiza a sua festa de aniversário, chá de panela ou de bebê, te puxa pra balada pra te tirar da fossa e te leva pro médico se você estiver doente.
Amigo diz a verdade. Não fantasia, nem tem rodeios. Dá palpite na roupa que vc veste e te enche de elogios. Amigo tem põe pra cima, mas não esquece de te colocar na frente da sua lista de responsabilidades. Amigo tem conversa franca, não tem segredos.
Cultivar uma amizade é um investimento. Não exige limite de cartão crédito ou avalista. Mas exige tempo, dedicação, disposição, entendimento. Dar atenção às pessoas que você valoriza, se colocar no lugar delas e participar com elas dos momentos cruciais, são os primeiros passos pra se tornar um grande amigo.
Amigo é como sorte grande, todo mundo quer um! Só precisamos nos dar conta que também podemos ser GRANDES AMIGOS.
É por isto que estou tão feliz hoje. Sinto-me abençoada pelos amigos que tenho. Pois independe da parte do mundo que estiver, sei com quem posso contar.
Feliz dia do Amigo!”

sexta-feira, julho 17, 2009

Quero menos ácido, menos realidade!

Por favor, eu quero uma porção de coisas
e duas doses de ilusão.
Pois hoje acordei sem tesão.

terça-feira, junho 16, 2009

Versos de MSN

Eduardo diz:

vadio, ó vadio, por que és tão vadio?

Arion! diz:

sou vadio, tão vadio e mais vadio serei

porque só os vadios sentem o gosto bom do dia

e o perfume vagabundo da noite, que liberta os sentidos (da alma)


Como aqui é um Espaço Diverso e, principalmente, inverso, transcrevo cá a provocação dos instintos poetas (vagabundos) feita por Eduardo Ritter, um vagabundo nato e confesso, e eu, um cara que também tem lá os seus parafusos a menos e uma tendência à vida de sombra e água fresca. Como os senhores e senhoras podem ver, é isso que fizemos no MSN, às 20h e 40min de uma terça-feira, em momentos que o Eduardo deveria estar estudando e a minha pessoa, fazendo qualquer coisa mais útil. Ora! Quem sabe, um dia, escrevemos um livro, algo assim: Poemas Vagabundos... Eduardo diz: euheuhe. quem vai querer ler uma porcaria dessas? (dos mais incentivadores..auahauha)

quarta-feira, junho 10, 2009

Jovens Sabores

Dos traços maus feitos e dos refeitos,
Não restam mais que borrões
Que já não revelam a vida, nem os desejos
Que nasciam entre línguas e dedos,
Entre saliva e suor,
Dos amantes jovens.
De um tempo passado: um sonho quente,
Os sorrisos, as horas
Que antes lhe entorpeciam
Numa convivência de pura emoção.
Naqueles dias não se chorava lágrimas de desamores
Vivia-se apenas o desejo
Que queimava de lábios úmidos
De corpos quentes
Que se misturavam em gozos rápidos,
Em beijos secretos
Testemunhados apenas pelas mornas tardes e longas noites.
E como eram belas as notas daqueles amores curtos,
Que flutuavam leves
Embalados pela embriaguez da vontade
E da ilusão de vida intensa, vivida num minuto.
Pois eles tinham toda a juventude,
Mas queriam apenas o agora.

segunda-feira, junho 01, 2009

AMORES (ir)REAIS

Marina acordou, espreguiçou-se sobre a cama e, ainda sonolenta, olhou em direção à janela, o sol invadia aquele quarto com tamanha determinação que chegava a lhe doer os olhos. Observou, por um instante, as cortinas de tecido leve que esvoaçavam com a brisa morna de verão, que entrava pela janela aberta.
Seu corpo parecia querer continuar naquela condição, mas sua cabeça já estava em atividade, organizando mentalmente o seu dia. Levantou-se vagarosamente, caminhou até a janela, contemplou o céu, que exibia um azul vibrante. O dia prometia-se leve e alegre, o corpo de Marina correspondia, mostrando-se tranquilamente acordado e receptivo aos ares daquela suave manhã.
O peito de Marina se enchia de um inexplicável bem-estar que lhe abriu os lábios num sorriso tímido e num suspiro breve, quando escaparam-lhe algumas palavras:
_Que dia para amar!
A frase saíra espontaneamente, sem raciocinar. Primeiro espantou-se. Depois pensou: “Amar? Quando foi a última vez que vivi um amor?” Não, ela não lembrava, será que nunca tivera vivido um?
Agora os pensamentos lhe povoavam a mente, uma dúvida havia se instalado diante de si. Nunca tivera um amor? Caminhou sem pressa, com os pensamentos longe dali. Deixou-se cair sobre a cama, fechou lentamente os olhos.
Marina se considerava uma dessas mulheres fortes, independentes. Nunca tinha sofrido por homem nenhum. Não entendia como se morria por um sentimento, tudo isso sempre esteve longe dela e de todo o seu mundo controlável.
Porém hoje, ela sentia necessitar desse sentimento desconhecido. Foi então que levantou-se de súbito, decidida e planejou:
_Vou encontrar o amor da minha vida. Assim, bem clichê, digna de uma novela mexicana. Ora! O amor não tem nada de original mesmo. Pensou ela, sorrindo quase cinicamente.
Em pé ao lado da cama, desfez o nós das alças da camisola comprida, cor de salmão, e a deixou cair, revelando o seu corpo nu. Em direção ao banho, foi com a sensação de felicidade desenhada na face, parecia estar flutuando, mas ainda sentia a maciez do carpete tocar os pés. Tudo encaminhava-se para uma ordem perfeita até chegar à porta do banheiro, quando paralisou imediatamente e por um segundo, sentiu todo o corpo tremer de susto ao ver aquele homem, uma toalha enrolada na cintura, fazendo a barba e mostrando uma barriga saliente, com seus quase quarenta anos. _Quem é ele? Pensou ainda bastante assustada.
_Bom dia amor! Dormiu bem? Por que está nua? As crianças podem acordar. Ele respondeu aos pensamentos de Marina.
_Não, não, sou casada? Murmurou com a mão na testa. _E tenho filhos?
Não reconhecia nada daquilo como sua vida. Por que estava ali? Quem era aquele homem? Quem era ela? Franzia a testa enquanto se perguntava.
_Querida, hoje não venho almoçar em casa, talvez tenha que viajar, resolver algumas pendências do escritório... Ele continuava a falar enquanto passava a lamina no rosto, aparando a barba. _Você está me ouvindo? Olhou para ela ao falar.
Então ela olhou fixamente para ele, respirou fundo... Voltou-se com corpo, caminhou apressadamente, jogou-se na cama de bruços, pôs o travesseiro sobre a cabeça e adormeceu.

quinta-feira, maio 28, 2009

O que queres ser quando crescer?



É, a vida não é uma bala de caramelo e
nem uma propaganda de refrigerantes!

terça-feira, maio 19, 2009

Há quem prefira sapos






Príncipes eu não sei, mas cavalos brancos existem aos montes.



Homens sempre procuraram cópias de suas mães, só que, claro, com mais peitos, mais bunda e dentro de vestidos sexys. Mulheres preferiam esperar pelo príncipe encantado, sobre um cavalo branco, disposto a lhes fazerem românticas serenatas (sem generalizar, por favor). Caminhos bem diferentes, não? Mas seriam felizes para sempre... Seriam.
Os tempos são outros, o “felizes para sempre” está cada vez mais distante, pouca oferta para muita demanda, etc, etc, etc. Agora, as mulheres esqueceram os almofadinhas, bons-moços, e querem lobos-maus, mas que venham com os olhos azuis do príncipe e cortem grama. Os homens? Bem... Sem muitas exigências, desde que lhe façam sexo oral e não tenham tantas dores de cabeça. Novamente, sem generalizações.
Falemos sobre sexo or... hã... digo, sobre príncipes encantados. Para começarmos, diga o nome de algum que você conhece... Nenhum? Ok, pode ser um que a sua avó, ou tia, conheça... Não? A vizinha da amiga da sua prima pode saber de algum? Nada? Vamos à outra tática: qual era o nome do príncipe encantado da Branca de Neve? Você não lembra? É eu também não! Assim como não sei nome do namorado da Rapunzel, da Cinderela, da Bela Adormecida e de tantas outras pobres donzelas infelizes, pelo menos até encontrarem seus verdadeiros amores, reconhecidos por um beijo (sem graça e sem língua, ao que parece). Se esses rapazes tinham nomes, não ficaram arquivados em minha memória, e nas suas provavelmente também não. Coitados, meros coadjuvantes.
Essas virgenzinhas, de contos de fadas, passam a histórias toda chorando rios de lágrimas a espera de um playboyzinho bem de vida, sensível e romântico, que lhes arrebatem para um mundo perfeito e lhes façam as mulheres mais felizes do mundo. Lindo, não é mesmo? No entanto, ao final de tudo, nem lembramos o nome desse sonho de consumo encantado. Chego a pensar que esse cara era o mesmo em todas as histórias. Se for, o rapaz era o maior pegador. Pulava de um conto para outro, desvirginava uma mocinha inocente aqui, beijava outra ali, partia o coração de umas dez... Nesse caso, nada mais conveniente do que permanecer no anonimato. Que bom que as moças não se conversavam, nem orkut tinham para ajudar (ou atrapalhar)!
Estou dizendo que o príncipe (sem nome) encantado é um cafajeste? Talvez. Mas uma boa pitada de cafajestice não faria mal, ou você agüentaria alguém babando mel no seu ouvido o resto da vida?
Com nome ou sem nome, ele só aparece no final da história! Que atrasado, não é? Nem se pode aproveitar muito, pois logo surge aquele último monossílabo que oculta todo o “felizes para sempre”. Então para todas, e todos, que esperam seus pares românticos ideais sugiro que beijem alguns sapos até que eles venham! Pelo menos se diverte mais, e numa dessas um sapinho pode até te encantar... E sua história acabaria mais ou menos assim: eles viveram felizes para sempre, fazendo sexo oral, com a grama do jardim sempre aparada. Fim!

quarta-feira, abril 22, 2009

Palavras de Woody Allen

“Parecia-lhe que o mundo estava dividido em duas espécies de pessoas: as boas e as más. As primeiras dormiam melhor, mas as últimas se divertiam muito mais durante o dia.” (Do livro Que Loucura)

segunda-feira, abril 20, 2009

Ele veio!

E o frio voltou ao sul.
Espero que tenha trazido com ele a inspiração que ultimamente me anda arisca.

terça-feira, abril 07, 2009

Vida longa a eles...

Aos éticos, dedicados, comprometidos com a verdade, aos que não se corrompem, aos que investigam, aos que não são “estrelas”, aos que conhecem e cumprem seus papéis sociais. Vamos sempre precisar de vocês.

Vida longa aos bons jornalistas... Parabéns!

quinta-feira, março 26, 2009

Janelas, muitas janelas

Já que no blog do Eduardo e da Lara o assunto é o que se vê pela janela, resolvi imitá-los, assim descaradamente:
As janelas que me proporcionam mais imagens são as de onde trabalho, até porque são três em volta de mim, então tenho uma visão ampla de toda uma esquina, posso ver tudo e todos que aqui passam. Mas não se empolguem, não acontece nada de mais, por enquanto nenhum disco voador pousou, ou algum crime misterioso sucedeu, nem filmagens de curtas, longas e comerciais como na rua da Lara.
A visão diária se resume a uma construção, um mercado e pessoas transitando (que sempre me olham com uma cara estranha, fazendo me sentir O CARA ESTRANHO). O que tem de mais poético são alguns passarinhos cantando e o vento que entra pelas janelas. Porém, nesse momento posso observar a chuva mansa que cai, as árvores que se agitam com o vento. Sem falar no cheiro de terra molhada que invade a sala. Hummm... Muito agradável... Inspirador! Pena que a chuva está acabando de acabar. Vou ficar esperando que ela volte... Enquanto isso, me resta o retorno ao trabalho. Até mais...

P.S.: Sim, eu estava sem assunto... Desculpas!

sexta-feira, março 20, 2009

VINTE E MAIS ALGUNS

”O tempo passa, o tempo voa; e a poupança Bamerindus continua numa boa.”
Você já ouviu essa música em algum lugar? Talvez os mais jovens não a conheçam. Mas a galera da... “antiga” (Nossa! Acho que me senti velho agora) provavelmente tenha cantado em coro toda vez que os comerciais bem-humorados do extinto banco eram exibidos e, quem sabe, ainda lembrem saudosos, daquele senhor barbudo, de sorriso simpático, que nos transmitia uma boa imagem da poupança Bamerindus.
Calma senhores! Não levantem-se ainda. Não pretendo dar uma de publicitário (chato) apaixonado pela profissão e ficar divagando a respeito da qualidade e criatividade da propaganda brasileira, de como ela marca nossas vidas, nos abre sorrisos, nos emociona e blá, blá, blá... Não farei isso! Ao menos não hoje. Porém, é possível que esse sucesso publicitário, somados a tanto outros, tenha certa porcentagem de culpa no meu abrir de olhos e interesse em encarar essa brincadeira como profissão. No entanto, também não é disso que quero falar.
A verdade é que esse jingle lembra minha infância, lembra as vezes que largava tudo que estava fazendo e corria em direção à tevê para cantar junto essa musiqueta tão fácil de decorar. Lembra as vezes que ficava cantarolando distraído esse e outros jingles, principalmente naquela aula chata, daquela professora, que tenho certeza, tinha mania de perseguição para com a minha pessoa. É inevitável não associá-la ao meu tempo “criança de ser”, de uma época que podíamos transformar tudo quem víamos em brincadeira e diversão. Pelo menos no meu tempo, se era criança, oficialmente, até os doze anos de idade. Hoje, deve ser só até os sete, com toda essa criançada ansiosa em tornar-se adolescente (só adolescente, porque adulto é muito chato, tem responsabilidades e tal). Quem sabe um dia eu conto pra elas o quanto era divertido ser criança na minha época.
Todo esse momento nostalgia deve-se a anual alteração de dígitos naqueles números que contam minha idade, para mais é claro. E como é quase inerente ao ser humano reclamar do tempo que passa, das rugas que surgem e dos cabelos brancos que se multiplicam (no meu caso prematuramente... Ah! Essas heranças genéticas), não podia deixar de manifestar-me.
É assim, não é? A infância se foi, alguns brinquedos quebraram, a virgindade eu perdi, a faculdade veio, a faculdade acabou, e aqui estou completando meus vinte e mais alguns anos. Não tem jeito, a vida acontece, seja em uma semana, em meses ou em apenas um dia, sempre acontece. E o tempo passa. Nem a poupança Bamerindus foi imune a ele, por que nós seríamos? A diferença está no que se faz com a idade: será um ano mais velho? Ou um ano a mais de vida? Um ano a mais de vida acontecendo, com certeza... E vá lá, de tempo voando ou, voando no tempo. Como diz um cartão virtual (mala-direta) de aniversário que recebi há pouco: “de que adianta acender outra velinha, senão para ter mais uma história pra contar?” Mui sábio, não?

Outono e Eu

Sempre gostei de comemorar meu aniversário junto aos primeiros ares de outono. Gosto de dividir o meu dia com a suavidade desta estação, fase em que a natureza fica ainda mais charmosa, com seus primeiros ventos leves e um tanto gelados, as primeiras folhas caindo e as luzes dos dias mais melancólicas, mas não menos belas...

quarta-feira, março 11, 2009

Fragmento

Intimidade de jovens amantes na cama, ligados olho a olho, peito nu a peito nu, órgão a órgão, joelho a joelho arrepiado trêmulo, trocando atos amorosos e existenciais pela tentativa de conseguir a chave da dor (Trecho de Os Subterrâneos de Jack Kerouac)
Já faz um mês ou mais que li esse livro, mas gosto desse trecho, da forma como ele descreveu o ato. Vale a leitura do livro todo.

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

SEM ENDEREÇO FIXO


Desde que me conheço por gente, que entendo alguma coisa desse mundo, tenho um sonho. Desses que crescem com o tempo, desses que não podemos morrer sem antes realizá-los. Na verdade eram três: o primeiro, fazer uma tatuagem grande, muito grande, cobrindo toda minhas costas; coisa de doido, alguns diriam (ou maconheiro, outros acusariam). O segundo era algo mais turístico: queria conhecer de perto o animado carnaval da Bahia. E o outro, viajar sem destino, libertando todo o meu espírito aventureiro.
Dos três, apenas um permanece com grande entusiasmo. A tatuagem diminuiu de tamanho, não, ainda não a fiz, mas quando fizer será menor, ou menos exagerada (como sugeriu minha mãe). Pois continuo gostando desse tipo de arte, no corpo, mas concordo que precise ter algum significado importante. Não farei só por fazer, até porque já possuo uma, que foi muito bem pensada antes de fazê-la.
O carnaval na Bahia? Acho que não sou mais tão “folião” como fui há algum tempo. Não me sombra paciência para toda aquela multidão alvoroçada e todo aquele empurra-empurra, aperta-aperta, beija-beija. Porém, se ainda assim surgisse a oportunidade de ir, não desperdiçaria, aproveitaria para visitar o “outro lado” baiano. Mas digamos que morreria tranquilo mesmo sem conhecer ao vivo e a cores.
Já a viagem, desta não pretendo abrir mão. Tenho a imensa vontade de por uma mochila nas costas e sair sem rumo, me guiando apenas pelo vento e pelo horizonte logo em frente. Como ir? No “dedão”, de carona em carona, ou sobre uma moto (pode ser um jipe também). O importante é ir, sem regras, sem hora para chegar, sem dia para voltar. Fazendo o itinerário dia após dia, ao sabor do imprevisto.
Se tivesse vivido entre os anos 1960 e 70, talvez minha aventura fosse mais fácil, pois parece que tenho uma veia hippie viva e pulsando. Ou seria sangue nômade? Na mochila não é necessário mais que algumas roupas, alguns trocados e muita vontade. No entanto, é essencial uma câmera fotográfica, com muitas baterias reservas.
Registrar cada passo, é isso que pretendo durante a aventura. O que quero mesmo é conhecer o lado B dos lugares, ver o que não aparece nos guias turísticos, conhecer o dia-a-dia de pessoas desimportantes aos olhos do mundo. Fazer parte de uma vida anônima que acontece todos os dias, vivenciar culturas populares e também, fazer alguma coisa de bom, me sentir mais ser humano.
Um dia desses, vasculhando a internet, encontrei o blog de um médico gaúcho que largou uma vida normal para trabalhar no Acre, em meio à floresta, tratando índios esquecidos pelo restante do mundo. O nome dele é Oscar Espellet Soares e vale a pena conhecer um pouco mais do trabalho dele, é só acessar: http://www.medicodaamazonia.blogspot.com/. Foi algo que serviu para reacender a minha vontade de ser um cidadão do mundo.
Porém, enquanto não vou, continuo sonhando, para um dia sair sem destino buscando coisas que desconheço e deixando um pouco de mim por onde passar. Quando eu voltar saberei se valeu a pena. O que vale é o sonho, não? Mas por favor, não me deixem morrer enquanto não torná-lo real.