Ela tinha um sonho, coisa pouca, quase nada, como costumava dizer. Uma menina franzina, frágil, quase sem graça, você diria, se a visse descer a rua, todas as manhãs. Sempre o mesmo caminho, o mesmo destino, a mesma hora. Levava consigo um sorriso de quem não desiste de acreditar que é possível e os olhos tristes de quem se acostumou a conformar-se.
Não foi difícil nos tornarmos amigos. Eu costumava ficar ali, sentado, olhando a paisagem em movimento de uma vida que agora, para mim, era somente lembranças. Certo dia ela chegou sentou-se e ficou a olhar fixamente para frente. Foi assim por outras tantas vezes, uma companhia silenciosa. Eu ensaiava um oi, quase saía, mas me parecia tão injusto que não fosse ela a primeira a falar. Esperei o tempo dela, por vários dias.
Até que então, certa vez, ela sorriu e mudou a direção do olhar, mas não me olhou e disse:
_Sua vida é tão inventada quanto a minha?
Sorri, tentando disfarçar que não tinha entendido a pergunta e disse:
_O que foi que você inventou?
_Não sei, já não consigo perceber a diferença. Mas você é meu amigo, não é? Achei que soubesse um pouco de mim.
Fiquei a pensar se ela precisava de ajuda, ou de amigo, ou ser ouvida. Ela levantou-se e disse:
_Até amanhã! Quem sabe você tenha as respostas.
Depois disso, minhas noites se tornaram uma insônia constante. Não conseguia parar de imaginar o que acontecia com ela, quem era e o que estava tentando me dizer. A noite se arrastava contrária à minha ansiedade em vê-la novamente, as perguntas se acumulavam, a curiosidade sobre a vida dela se misturava às lembranças da minha, aos fracassos que colecionei até aqui. Você espera que seja fácil, acha que vai vencer e fazer algo grande, mas a realidade oferece apenas um banco de praça e alguns instantes com alguém desconhecido.
No dia seguinte eu estava lá, mas ela não. E por vários dias eu esperei, mal controlando a minha curiosidade. Pouco mais de uma semana ela voltou, antes que pudesse se sentar, eu falei:
_Achei que retornaria no dia seguinte.
_Resolvi dar um pouco mais de tempo a você, para descobrir as respostas.
_Pensei que quem daria as respostas era você!
_Tudo que preciso dizer é que eu sonho às vezes, com coisas que não são minhas, com pessoas que não conheço. Eu sonhei com você, por isso vim te conhecer. Você consegue acreditar nisso?
E ela foi embora novamente. Só a vi mais um vez, quando ela sentou ao meu lado e repetiu que tinha um sonho, mas tinha também um segredo. Sorriu de novo aquele sorriso de quem acredita, olhou para o infinito e disse: quem sabe um dia eu te conto. Agora eu volto para esperá-la e olhar todos que passam, esperando uma história diferente.
Não foi difícil nos tornarmos amigos. Eu costumava ficar ali, sentado, olhando a paisagem em movimento de uma vida que agora, para mim, era somente lembranças. Certo dia ela chegou sentou-se e ficou a olhar fixamente para frente. Foi assim por outras tantas vezes, uma companhia silenciosa. Eu ensaiava um oi, quase saía, mas me parecia tão injusto que não fosse ela a primeira a falar. Esperei o tempo dela, por vários dias.
Até que então, certa vez, ela sorriu e mudou a direção do olhar, mas não me olhou e disse:
_Sua vida é tão inventada quanto a minha?
Sorri, tentando disfarçar que não tinha entendido a pergunta e disse:
_O que foi que você inventou?
_Não sei, já não consigo perceber a diferença. Mas você é meu amigo, não é? Achei que soubesse um pouco de mim.
Fiquei a pensar se ela precisava de ajuda, ou de amigo, ou ser ouvida. Ela levantou-se e disse:
_Até amanhã! Quem sabe você tenha as respostas.
Depois disso, minhas noites se tornaram uma insônia constante. Não conseguia parar de imaginar o que acontecia com ela, quem era e o que estava tentando me dizer. A noite se arrastava contrária à minha ansiedade em vê-la novamente, as perguntas se acumulavam, a curiosidade sobre a vida dela se misturava às lembranças da minha, aos fracassos que colecionei até aqui. Você espera que seja fácil, acha que vai vencer e fazer algo grande, mas a realidade oferece apenas um banco de praça e alguns instantes com alguém desconhecido.
No dia seguinte eu estava lá, mas ela não. E por vários dias eu esperei, mal controlando a minha curiosidade. Pouco mais de uma semana ela voltou, antes que pudesse se sentar, eu falei:
_Achei que retornaria no dia seguinte.
_Resolvi dar um pouco mais de tempo a você, para descobrir as respostas.
_Pensei que quem daria as respostas era você!
_Tudo que preciso dizer é que eu sonho às vezes, com coisas que não são minhas, com pessoas que não conheço. Eu sonhei com você, por isso vim te conhecer. Você consegue acreditar nisso?
E ela foi embora novamente. Só a vi mais um vez, quando ela sentou ao meu lado e repetiu que tinha um sonho, mas tinha também um segredo. Sorriu de novo aquele sorriso de quem acredita, olhou para o infinito e disse: quem sabe um dia eu te conto. Agora eu volto para esperá-la e olhar todos que passam, esperando uma história diferente.
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